quarta-feira, 2 de março de 2011

Introduções


           Oi, caros leitores do matou de canela.Sou o Alcysio, agenciado via twitter para escrever por aqui.Apesar de estudante de direito, a minha goonerice extremada ( é sério, torço demais para o Arsenal) me levou a escrever um bocado sobre futebol, inclusive no próprio site da torcida - www.arsenalbrasil.com.br .

           Para quem não conhece, ela é a única torcida reconhecida por um clube inglês ( quiçá europeu) na América Latina o que dá uma série de benefícios para o gooner que se associa.

           Mas eu não vim aqui fazer jabá, vim escrever.Começarei pelo...Arsenal. Mas prometo escrever sobre outros times e outras ligas.Bundesliga, Eredivise e EPL principalmente.


           Arsène Wenger é um homem com uma visão muito particular do futebol, uma visão meio Rinus Mitchell de formação de um time, sempre desejando que seus atletas sejam extremamente técnicos e rápidos, para que assim possam envolver seu adversário com passes rápidos, retendo a posse de bola e finalizando sempre que oportunamente.
           E assim foram os times do Arsenal sob sua batuta desde que assumiu o time em 1996, ainda que no começo de seu trabalho o perfil dos jogadores fosse diferente, mais consoante com o modorrento futebol da era Boring Arsenal, quando nossos ícones eram defensores e o grande grito que se ouvia em Highbury era "One nil for Arsenal".
           Mas ao longo de sua administração Wenger foi contratando jogadores que condiziam melhor com sua idéia de futebol como Overmars,Vieira, Pires e a sua principal descoberta, uma que muitos achavam que não iria suprir a saída de Davor Suker, Henry.Com esse esquadrão o Arsenal apresentou o futebol coletivo mais belo da era moderna do futebol e foi responsável pelo fato de hoje eu ser um fanático gunner.

           Infelizmente, para um manager ganhar às vezes não basta, é necessário também mostrar sua capacidade de fazer o clube "mudar de patamar".E essa era a grande ambição de Wenger ao liderar a transição Highbury-Emirates , transformar o Arsenal em uma potência econômico-futebolística que não dependesse do mecenato de duvidosa origem nem dos generosos perdões fiscais dados principalmente na Espanha.

           Digo infelizmente porque, apesar de torcer para um clube sem dívidas, torço para um clube sem alma.Os altos preços do carnê de temporada do Emirates Stadium afasta o torcedor " de arquibancada", aquele que antes das reformas causadas pelas tragédias de Heysel e , principalmente Hillsborough, ficava nasstandings, arquibancadas sem assento, muito comuns ainda no Brasil, torcedor esse que é o que canta e incentiva pelos 90', que faz o estádio ficar famoso ao redor do mundo, que dá medo nos jogadores adversários.O moderno Emirates virou ponto turístico londrino, um exemplo da organização e força da melhor liga de futebol do mundo, um exemplo do silêncio.

         Mas esse não é o grande pecado de Wenger, ele pecou mais quando se desfez da genial geração do unbeaten de uma só vez para apostar em jovens promessas, 7,8 jogadores sub-23 por vez em campo, jogadores que não receberam dos mais velhos( porque eles não haviam) aquela famosa explicação do que significa ser um gunner, são jogadores sem alma.

        Arsène também perdeu a sua alma, seus times não possuem mais o mortal contra ataque que em 4 toques chegava à meta adversária, a defesa não é mais sólida, as alterações sempre vem tarde, há demora na leitura do jogo.E, sem a sua alma vencedora, ele mostrou uma das piores características da cultura francesa, a teimosia.
        Foi dito pelo governo inglês em 1938 que a linha Magineaux não seria útil no novo tipo de guerra que os alemães tinham em mente, a blitzkrieg,mas os franceses insistiram em suas trincheiras de 30 anos de idade, como foi dito também a Napoleão que uma investida francesa há 4.000km de sua terra natal, na fria Rússia, não poderia ser bem sucedida, mas o pequeno general não quis mudar de idéia.

        Essa teimosia turva a visão do outrora genial treinador e não o permite ver e reconhecer erros essenciais na formação do elenco atual, erros esses que ferem a própria proposta de jogo que ele tão veementemente defende.

        Num estádio sem alma entra um time sem alma treinado por um técnico sem alma, enquanto na quente Barcelona, Guardiola guarda o legado do futebol a là Wenger.

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