quarta-feira, 18 de maio de 2011

Jogo dos 7 erros e uma certeza.

           Hoje o Governo do Estado do Rio de Janeiro, em rega-bofe inédito no Tribunal de Contas da União, entregou o projeto de reforma do Estádio Mário Filho, o Maracanã, cotado para ser palco da final do Mundial CBF/FIFA 2014. A singela obra, que começou no início do ano, havia sido orçada pela EMOP (Empresa de Obras Públicas) em R$ 600 milhões, que seriam pagos INTEGRALMENTE pelo esfolado, mas feliz, contribuinte, torcedor ou não. Mas, no projeto entregue hoje, o valor definitivo foi de humildes R$ 956,7 milhões (aumento de 32%). Ah, sim, ainda serem pagos pelo Estado de forma integral.


        Até aí, nada de novo. Todo mundo esperava isso, já que o precedente do Pan Americano de 2007 foi aberto. Mas o motivo deste texto foi a frase do olímpico Vice-Governador do RJ, Fernando Pezão, que soltou a seguinte pérola:
                              "Vamos lutar para baixar um pouco. O Maracanã vai ficar melhor que Wembley (na Inglaterra), considerado o melhor do mundo e que custou R$ 3 bilhões sua reforma."

Beijo pra vc que fala merda por mim. Smack
         Agora sim, vamos ao jogo dos 7 erros que o Governo, a CBF e a Marinho's Mob tentam te enfiar goela abaixo. Primeiramente, os números do futuro Maracanã, lindamente publicados no O Globo.com:

          "O novo Maracanã terá capacidade para 78.639 torcedores e toda obra consumirá 173.320 sacos de cimento. Serão construídos 110 camarotes - vips e very vips -, quatro conjuntos de rampa, serão instalados 16 elevadores e 12 escadas rolantes. A dimensão do campo será reduzida dos atuais 113 m x 78 para 105 x 68. O número de bares saltará de 24 para 60, o de banheiros de 228 para 231, o de vasos sanitários de 761 para 927, o de mictórios de 542 para 747." 

         
          Bonito, não ? Parece uma reforma grande e modernosa. Mas o imbecil do governante comparou com Wembley, um dos maiores e melhores estádios do mundo, esperando que o mais imbecil ainda contribuinte acreditasse. Mas uma passadinha rápida no site do próprio estádio, ou uma pesquisa simples no velho Wikipédia vai te mostrar a realidade do New Wembley.


        O singelo estádio inglês não foi reformado, como disse o vice-governador, mas sim DEMOLIDO e RECONSTRUÍDO. Além disso, foram feitas reformas no entorno do estádio, para melhorias nas ruas e bairro. A capacidade é de meros 90 mil espectadores, todos sentados em cadeiras acolchoadas e retráteis. Além, claro, de todas as facilidades para deficientes que desejem assistir a um jogo ou a um show. Os cães-guias são super bem vindos lá também, diz o site oficial. Ah, o @alcysio ainda me lembrou do teto retrátil, dos mais modernos do mundo, para que o gramado não fique sempre coberto, e pegue algum sol, além de proteger de chuva e neve, quando fechado, lógico.


        Essa nem é a parte mais importante. O legal vem agora: O Wembley pertence a FA (Football Association) que é uma entidade privada. Ou seja, TODA A RECONSTRUÇÃO DE WEMBLEY FOI FINANCIADA POR EMPRESAS PRIVADAS. Não custou um cazzo aos bolsos britânicos dos contribuintes. E, outro ponto legal, ao contrário do que disse o político fluminense, o custo total foi de 798 milhões de Libras, o que, convertendo no câmbio de hoje, não passa de R$ 2,1 bilhões.

 
       Vejamos então quem levou vantagem: Nós, contribuintes brasileiros que pagaremos quase 1 Bilhão na reforma de um estádio com mais de 60 anos e que já havia sofrido uma reforma em 2007, para o mesmo Panamericano, ou o torcedor britânico, que não pagou absolutamente NADA e recebeu o melhor estádio do mundo. Ache os 7 erros. Mas uma coisa pode ter certeza, a conta é nossa.

ATUALIZANDO:

        O Ministério Público Federal do RJ, segundo notícia do ESPN.com, pretende abrir inquérito para discutir dois pontos na reforma do Maracanã: violação do tombamento federal do estádio e supostas irregularidades na licitação para a reforma, cujo orçamento pulou de R$ 600 milhões para R$ 956.787.720,00. Acho que leram esse texto.

Um comentário:

Alcysio Canette Neto disse...

Só pra lembrar que o teto não cobre o gramado todo, como acontece no Millenium Stadium ou na Aufschalke Arena.